Ficava conversando com quem já podia me ensinar, pelo menos umas seis vezes, a consertar todo tipo de problema que uma lambreta pudesse dar em minhas mãos. Devia ter uns dez ou onze anos, mas porque eu com essa idade iria querer saber de uma motocicleta?
Ela não ia me ajudar a subir na goiabeira, nem auxiliar em situações como uma conversa com a coordernadora do colégio, muito menos parar de me fazer ser passado pra trás, como costumeiramente acontecia, ou até mesmo impor respeito sobre meus atos.
As conversas com o Seu Deucídes, enquanto ele arrumava sua moto azulada com branco e listras laterais cinza, era onde eu podia ser alguém como os mais velhos. Era como se eu pudesse ensinar aos outros o que acontecia comigo quando eu mais gostava de existir. Como voltar sozinho da escola, marcar um gol no jogo de sábado, conversar com minha tia sobre minha dedicação ao jogo do bicho ou com qualquer outra pessoa que se aproximasse de mim com perguntas sobre um pedaço de pau quebrado segurando um fio com roupas penduradas.