precário

um sujeito fajuto, um blog precário

Tuesday, January 27, 2009

 
como será que eles chamam isso por lá?

Monday, January 26, 2009

 
meu vizinho
é uma parede

de tijolos
furados nas
canelas cheias
de varizes

com reboco
de cimento

grosso, como
armadura
dos seus
ossos finos.

meu vizinho
é taipa no peito

aberto pelo
infarto e duas
carteiras e meia
de cigarros.

e nos pedaços
da extinta carne
onde o sol não chega
(com excessão dos olhos)
ele é cerâmica chinesa.


mas meu vizinho,
apesar de tudo,
não é lá um
homem muito duro.

 
ACREDITAR É IGUAL A ESQUECER

dedicado a thiago xavier



a dedicação, capaz bater de mais forte que muhammad ali, em derrubar ou amontoar pra depois de todo o esforço subir em cima e observar cada minuncioso detalhe da roupa, do corte de cabelo ou do lápis de olho da vizinha, não me fazem acreditar em mudanças. sejam elas vindas de um presidente negro, de um homem do povo, do porteiro do prédio, da construção de um viaduto ou na geração de mais empregos.

eu, absolutamente, não sei o que esperar de medidas (sejam elas quais for) ou esperanças. a cidade só pode ter uma parede de cor verde se alguém levantar da cama e crer...

[assim como a+b resulta na celebração do aniversário sua filha, repleta de salgadinhos, doces e meninos cheirando cocaína no banheiro do quartinho de empregada]

...que aquela pigmentação vai, finalmente, trazer o que você deseja. a estrutura que chamanos de cidade não te trás problemas. é você quem pinta as portas e janelas dela. e você nem ao menos se lembra que faz parte e interfere, até de cochilo, numa coisa bem maior que sua estatura, peso ou cor, trazidos ancestralmentes por correntes mais grossas que aquelas responsáveis por sangrar reis e rainhas africanas.

a sua significância é infinitamente proporcional ao chão que você pisa.

certas atitudes são idênticas às tomadas por pedaços brancos de parede no centro da cidade, ou paus que são fincados no mato para formarem cercas e protegerem patrimônios.

Friday, January 23, 2009

 





por a máfia betinha

Wednesday, January 21, 2009

 




rasgo com
a mão

(unhas mal
cortadas,
palma
calejada)

um pedaço
inteiro
de vão
esticado.

estabeleço
um ponto
preto, fechado
de um lado

e

duas pilastras,
sendo uma lisa
a outra alisada

(azuis nas
extremidades,
brancas nas
metades)

com uma porta
de ferro
ondulada,verde

(que pra quem fica
na calçada
estabelece a entrada)

no meio.

o outro ponto
preto e fechado
por inteiro

serve como borda
para o retrato
que leio.



Friday, January 16, 2009

 
o corredor
do sofá
(três lugares)
à pia da
cozinha
é uma
avenida

de vias largas,
pista dupla
e uma merda
de cachorro
enfeitando o
gramado da ilha.

não saber
absolutamente
nada a respeito
da hora em que
o sol bate
na calçada

é esperar
pelo absoluto.

momento em que
um carro des-
cansa, em frente
um espelho azul,
esverdeado

(nesse instante
automóveis vagueiam
de um para o outro
lado)

com dois pneus
colados no meio
fio e uma
cara de tacho
barato, atrapalhando
o retrato.

Wednesday, January 14, 2009

 
(Bruno)

revisar com os olhos
as primeiro cinco letras
guardadas em datilografia
no papel branco com tinta
preta

(Ferreira)

ter certeza do horário,
me virar pro espelho,
sustentar a segunda parte
da identidade
com uma benção e um beijo

(Abdala)

descer dois lances de
escada e ser agraciado,
como seria um filho de deus
por ter essas seis letras
como último e terceiro
argumento,
pela boca do porteiro.

(José de Jesus Baptista Divino)

lembrar do atraso
em bater o ponto
e saber como o
salário implica
grafia por grafia
receio por anseio.

 
Profund(anônima)idade


estender lençóis
forjados,
na mais
cobiçosa pele,

em uma rasa
pia de granito
para que sonhe
de bruços

qualquer
voluntário
cansado em
pedra ou
pena de cisne.

vestir os
cantos curvos,
de um inter-
ruptor de
tomada laranja
com parafusos,

com grãos
salinos de
areia onde
a dimensão

vagueia na
largura da
palma de uma
mão

e
mesmo com todos
os ecos que teimam
em bater nos cantos
brilhantes da
sala e voltar
insignes,

acordar no dia
seguinte
com a mão na
carteira para
procurar o
nome próprio.

Monday, January 12, 2009

 


ao disc jockey

vestiu-se
com o pal-
co inteiro
iluminado
por holofotes
fortes

que deixa
- va(ão)m
claro
todo seu
imenso
anseio

em desvendar
- do alto
do conhecimento -
segredos já
decifrados

porém teimosos
ao ponto de
se enfeitarem
com tecidos
parcos.

vestiu-se
com as roupas
e as armas
de Michael

ou o perfume
,a cinta-liga,
o blush e o
charme do uso
dos suspensórios

e teve em casa
(lençóis passados
música alta até o talo)
um enorme orgasmo
sendo chamado
pelo nome trocado.

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