O relógio desperta sete e vinte. Com o tempo mental organizado devidamente dentro das idéias, ainda com um pouco de sono, planeja-se a que horas passa o ônibus, o tempo em que pode ficar debaixo da água do chuveiro, a quantidade exata de pães de queijo requentados no tostex e o café. Quando tudo isso é possível, geralmente inventa-se um assunto com o chefe justificando os minutos que se passaram das oito. Tudo bem, nem sempre se consegue tudo ao acordar.
Sete pontos. Um terminal e mais oito. Geralmente é isso somado a algumas dezenas de coisas que acontecem todo santo dia. Acreditando com a ciência de quem já pode crer – na semana que vem depois de amanhã – em uma vida melhor.
Mesmo que - com a mesma cara fechada de quando se é menino e o garoto
maior do colégio rouba seu pirulito - você espera por mais tempo ao acordar, uma cama melhor pra dormir, um dia com mais horas (ou menos), um pico perfeito com o chão sempre acessível aos seus passos... E mais um pouco, sempre mais um pouco. Na boa, isso não vai acontecer.
Fazer de tudo uma justificativa pro seu caminho, seja o tênis ou a falta dele, o shape ou a correria que é a sua vida, que isso ou aquilo não são como você acredita, só te deixa mais burro e fudido. Se acreditar é igual a esquecer, até quando é possível crer que alguém uma hora ou outra vai olhar pra você?
Aquele cara ali, de calça larga ou apertada, inventando desculpa até para a própria sombra ou até mesmo pela falta de sol na cara não representa nada.